Há 10 anos, o Serviço Social da Indústria (Sesi-RS) fez uma aposta na educação ao abrir sua primeira escola de Ensino Médio, em Pelotas. Agora, depois de uma década de investimentos e conquistas, a Escola Eraldo Giacobbe celebra não apenas seu aniversário, mas reformulações estruturais que garantem a ampliação das oportunidades educacionais para a população da Zona Sul com um modelo de ensino que é referência no país. Nesta quinta-feira (14), o local sediou um evento de reinauguração que contou com a presença de autoridades, empresários, estudantes, docentes e ex-alunos – aprovados nos vestibulares mais concorridos de universidades públicas e que atuam de forma diferenciada no mundo do trabalho.
“Entendemos que cuidar do futuro da indústria gaúcha significa investir na educação, apoiando os jovens, os professores, criando metodologias inovadoras e, é claro, modernizando, ampliando e inaugurando escolas. Nada me traz mais orgulho do que investir em educação, pois isso representa o compromisso do Sistema FIERGS com o desenvolvimento econômico e social do povo gaúcho”, destaca o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), Gilberto Porcello Petry.
As melhorias no local começaram a ser feitas em 2023 e foram entregues na solenidade desta quinta-feira. As obras, orçadas em R$ 21 milhões, abarcam a modernização da estrutura existente para contemplar 12 salas de aula, a construção de um espaço de convivência, de um novo prédio multiúso e a reforma do ginásio. Houve, ainda, intervenção na área externa, como novas passagens de pedestres cobertas, melhorias na iluminação e cercamento. O espaço total do complexo educacional, agora, é de aproximadamente 2,2 mil m². Com a ampliação, a unidade passa a atender 360 estudantes no Ensino Médio e até 800 na Educação de Jovens e Adultos.
“A educação abre portas. E nas escolas Sesi temos como exemplos a atuação das melhores instituições do mundo adptada à realidade do Brasil. É uma escola que já nasceu conectada com a realidade de hoje, onde a tecnologia não é o fim, mas um meio presente em todas as salas de aula”, pontua o superintendente regional do Sesi-RS, Juliano Colombo.
“Experiências como a do RS, do Sesi, precisam ser nacionalizadas para indicar a posição que devemos tomar para a virada de jogo”, complementa gerente de Educação Básica do Sesi, Wisley João Batista.
Em 2014, quando a escola entrou em operação, eram 50 alunos. Desde então, o Sesi-RS consolidou-se como referência em educação integral, com mais quatro escolas de Ensino Médio instaladas (Gravataí, Montenegro, São Leopoldo e Sapucaia do Sul). O montante investido na unidade de Pelotas faz parte de um total de R$ 300 milhões que a FIERGS disponibilizou por meio do programa “A Indústria Pela Educação”. Duas novas escolas estão em construção, em Canoas e Lajeado, e mais quatro estão previstas para os próximos anos – Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Novo Hamburgo e Santa Cruz do Sul.
Dois anos depois da inauguração, em 2016, a escola Sesi de Pelotas foi reconhecida pelo Ministério da Educação, junto com outras 177 instituições educacionais brasileiras, entre organizações não-governamentais, escolas públicas e particulares, como exemplo de inovação e criatividade na Educação Básica.
“A escola Sesi de Pelotas é um marco significativo, um compromisso assumido pela FIERGS em transformar a educação”, afirma o presidente do conselho consultivo Sesi Pelotas, Ricardo Coelho Michelon.
Durante a cerimônia, o Centro das Industrias de Pelotas (Cipel) prestou uma homenagem ao presidente Petry pela gestão à frente da entidade. “Nosso reconhecimento à sua visão estratégica, excelência e comprometimento com a cidade de Pelotas. A conclusão desta escola é o testemunho de sua visão transformadora, aliando o progresso à qualidade na Educação”, diz a placa asssinada pelo presidente do Cipel, Augusto Vaniel. A homenagem foi conduzida pelo empresário Ricardo Michelon.
Ex-alunos formação de excelência
Quem passou pela instituição aprova a experiência. É o caso da estudante Yasmim de Macedo Corrêa, 21 anos, aluna da Escola Eraldo Giacobbe entre 2017 e 2019, quando cursava o Ensino Médio. Segundo a hoje iniciante no mestrado em Biotecnologia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a escola Sesi foi muito importante em sua trajetória.
"A iniciação científica me abriu muitas portas, o que contribuiu diretamente para a graduação que escolhi cursar e tudo isso graças a boa vontade dos profissionais que trabalham na escola e querem fazer dar certo", afirma a jovem.
Para Yasmin, entre os diferenciais está o fato de a instituição proporcionar uma relação tranquila e comunicação aberta entre todos. A proposta de incentivo aos alunos a se inserirem nas atividades, a utilização de tecnologias, o trabalho em equipe, a preparação para a vida – não só acadêmica – foram fundamentais para a estudante.
"Toda vez que me lembro da escola já me vem à cabeça a curiosidade e o aprendizado de forma contínua. Aprendemos a sair da caixinha, persistência, adquirir mais responsabilidade e aprender a trabalhar em equipe."
Vitório Vellar Rocho frequentou a Escola Eraldo Giacobbe de 2018 a 2020. Atualmente cursando Medicina na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), o jovem diz que o modelo de ensino da instituição o ajudou a ter uma maior autonomia no que eu fazia.
“A gente precisa aprender a lidar com outras pessoas, a falar em público, a entender trabalhos científicos, a publicar trabalhos. E isso eu vejo hoje em dia que me colocou a frente”, afirma o futuro médico, que ainda destaca a importância do olhar solidário: “Tu ficas mais atento para as necessidades das pessoas, seja no ambiente de estudo ou de trabalho, até mesmo do bairro. As próprias aulas, principalmente as de sociologia e das áreas humanas, ajudavam a ter essa percepção da nossa comunidade, de o que estava acontecendo lá.”
Entre os diferenciais das Escolas Sesi estão as aulas em tempo integral, as turmas com no máximo 25 alunos divididos em grupos para incentivar o trabalho em equipe, salas ambiente para cada disciplina (são os alunos que se deslocam pelos espaços, e não os professores) e o uso de recursos tecnológicos – como a robótica. Além disso, o aprendizado se dá por meio da pesquisa, na prática. Cada aluno tem um professor articulador, uma espécie de tutor que apoia nos desafios da aprendizagem e nas escolhas para o futuro.
A partir do 2º ano, os estudantes passam a participar de atividades do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em articulação com o mundo do trabalho. No modelo educacional que não tem fins lucrativos, 80% das vagas são destinadas a dependentes de trabalhadores da indústria, com bolsas que cobrem até 100% das mensalidades. O restante é aberto à comunidade.
O evento de reinauguração
Antes da solenidade de reinauguração em Pelotas, ocorrida no prédio novo construído na entrada da escola, que serve de espaço de convivência e também abriga o laboratório fab learn no piso superior, alunos circulavam pelos corredores. Alguns com olhares curisosos sobre a solenidade, outros aproveitando atrativos como um dispositivo para foto em 360 graus disponibilizado em frente ao grafite novo, feito pelo artista Jackson Brum, junto ao prédio das Ciências da Natureza.
A estudante do terceiro ano, Camila Foster, 17 anos, estava entre os estudantes que passeavam pela estrutura. Ela aguardava para um momento com os colegas em uma cabine de fotos instalada próxima a salas de aula de Linguagens. Segundo Camila, o conforto da instituição e a atenção dos professores são características marcantes da escola.
“Não ter apenas provas, ter o professor acompanhando teu desenvolvimento por meio de trabalho, é muito legal”, afirma a jovem, que complementa sobre a modernização:
“Vimos toda a obra ser feita desde o começo. Tá bem mais colorido e atrativo do que quando entramos”.
Antes da fala de dirigentes do Sesi-RS e autoridades, houve um coquetel e show da banda da escola. Após a solenidade, foi feita uma visita guiada pelas dependências da escola.
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