As vacinas ajudam a prevenir infecções que podem resultar em sérios problemas de saúde para a mãe e o recém-nascido, reforçando a necessidade de manter o calendário de vacinação em dia durante a gestação.
Durante a gravidez e o puerpério (até 45 dias após o parto), a vacinação é fundamental devido às mudanças no sistema imunológico da mulher, que aumentam a vulnerabilidade a infecções e ao desenvolvimento de formas mais graves de algumas doenças. A imunização nesse período é altamente eficaz, pois além de proteger a gestante, permite a transferência de anticorpos para o bebê, tanto durante a gestação quanto por meio do leite materno, oferecendo uma camada adicional de proteção ao recém-nascido.
Gripe e covid-19
A gripe, causada pelo vírus influenza, e a covid-19, ocasionada pelo coronavírus, são duas infecções respiratórias para as quais há vacinação recomendada às gestantes, ambas em qualquer período gestacional. Nessa fase, há maior risco de complicações em caso de contágio.
Além de proteger a mãe, a vacinação durante a gestação reduz o impacto da doença em bebês e o risco de hospitalização, extremamente elevado nos primeiros meses de vida. As duas vacinas estão disponíveis para crianças apenas após os seis meses de idade.
Contra a influenza, é necessário tomar uma dose na campanha anual. Contra a covid-19, no esquema atual, são necessárias até duas doses, com intervalo mínimo de seis meses (uma ou ambas devendo ser realizadas durante a gravidez), com a vacina atualizada para a subvariante ômicron XBB 1.5 da fabricante Moderna.
Em 2023, foram registradas no Estado 59 casos de hospitalizações de gestantes por Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG) causadas por influenza (nove casos entre eles) ou covid-19 (50 casos). Em 2024, até o momento, foram 28 internações (20 por influenza e oito por coronavírus). Nos dois períodos não foram confirmados óbitos nesse público específico para essas causas.
Hepatite B
A hepatite B pode ser transmitida da mãe para o filho durante a gestação ou no parto – sendo esta via denominada de transmissão vertical. Esse tipo de transmissão, caso não seja evitada, pode implicar em uma evolução desfavorável para o bebê, que apresenta maior chance de desenvolver a hepatite B crônica.
A vacina contra hepatite B está indicada para todas as gestantes, de qualquer faixa etária, e em qualquer idade gestacional, a depender da situação vacinal encontrada, para prevenção da infecção pelo vírus da hepatite B, iniciando ou completando o esquema de três doses.
A vacina contra o tipo B do vírus também protege contra o tipo D (ou delta), que depende da presença da infecção pelo vírus HBV (hepatite B) para infectar um indivíduo. A coinfecção pelos tipos B e D é considerada a forma mais grave de hepatite viral, estando associada a uma maior ocorrência de cirrose.
Em 2023 foram notificados no Rio Grande do Sul 30 casos de hepatite B diagnosticados em gestantes. Isso representa uma taxa de detecção de 0,25 casos para cada mil nascidos vivos, índice que vem apresentando queda na comparação com anos anteriores, caindo a mais da metade do que em relação a 2015 e 2016 – quando o indicador ficou em 0,59 e 0,56, respectivamente.
Difteria, tétano e coqueluche
As vacinas adultas dupla bacteriana (dT) e tríplice bacteriana acelular (dTpa) são indicadas para proteção da gestante contra o tétano acidental e a prevenção do tétano neonatal, além de também proteger da difteria e coqueluche. A gestante deve tomar a dT (contra difteria e tétano) conforme o seu histórico vacinal, enquanto a dTpa (que inclui a prevenção à coqueluche) precisa fazer a cada gestação, indicada a partir da 20ª semana de gestação até 45 dias após o parto.
O tétano neonatal é uma doença infecciosa causada por uma bactéria, a Clostridium tetani. É grave, porém não contagiosa – portanto, não há transmissão de pessoa a pessoa. Acomete o recém-nascido, nos primeiros 28 dias de vida. Os sintomas são dificuldade de sugar, irritabilidade e choro constante.
A imunidade do recém-nascido é conferida pela vacinação adequada da mãe. Os filhos de mães vacinadas nos últimos cinco anos com três doses da vacina apresentam imunidade passiva e transitória até dois meses de vida.
Em 2017 a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) declarou eliminado o tétano materno e neonatal nas Américas. A vacinação, aliada aos cuidados de higiene durante o parto e o pós-parto, foi fundamental para a região alcançar esse objetivo. Contudo, no mundo, ainda há 16 países que ainda não eliminaram a doença.
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