A capacidade do Brasil de expandir a sua marca de potência agrícola e influenciar a economia global foi tema de debate na manhã de hoje (8) no SIAVS, o Salão Internacional de Proteína Animal. No último dia do evento, que ocorre em São Paulo desde terça-feira, autoridades e líderes do setor estiveram reunidos para falar da importância da manutenção e do fortalecimento da imagem do país para o acesso a novos mercados.
Para o secretário-adjunto da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), Júlio Ramos, a credibilidade que o Brasil atingiu no cenário global é resultado de um trabalho longo e continuado, realizado em conjunto por agentes públicos e privados e entidades como a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), organizadora do evento, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações (ApexBrasil) e a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), também presentes no painel.
"Nós chegamos a uma maturidade tão grande que hoje conseguimos trabalhar unidos e com um objetivo único, que é fortalecer a presença dos produtos brasileiros no mundo", disse. Na avaliação do secretário, o governo tem agido para ouvir o setor e facilitar a relação do mercado com os principais players globais, enquanto atua para aumentar o poder de compra da população. Segundo ele, a redução da desigualdade no país é uma das chaves para fortalecer ainda mais o agro nacional, com geração de emprego e renda, formação de mão de obra e acesso à capacitação.
Luis Rua, diretor de Mercados da ABPA, ressaltou que o Brasil tem investido também na diversificação, para reduzir riscos e ampliar a sua marca de qualidade, sustentabilidade e biossegurança no exterior. "Nós temos trabalhado muito junto com os produtores e os órgãos de governo para levar a proteína animal brasileira para o maior número de países possível", disse. A projeção, segundo ele, é que o país amplie nos próximos anos a sua participação no mercado internacional em todos os segmentos, de aves, suínos e ovos.
Eficiência no controle sanitário
No painel "Emergências Zoosanitárias", o diretor do Departamento de Saúde Animal da Secretaria de Defesa Agropecuária do MAPA, Marcelo de Andrade Mota, trouxe um relato da atuação dos agentes públicos no caso recente da doença de Newcastle, identificada em Anta Gorda/RS. Ele destacou a coordenação com o setor privado e as autoridades gaúchas para a rápida eliminação do foco da doença.
De acordo com o diretor, o Brasil é hoje um exemplo de eficiência no controle sanitário graças à integração da cadeia e ao trabalho setorial focado na responsabilidade e no apoio técnico. No entanto, alerta, é preciso manter a atenção. "Precisamos estar sempre preparados", recomendou. "É fundamental que o produtor mantenha as suas condições de biosseguridade e que os serviços oficiais estejam preparados para agir com agilidade em caso de qualquer risco sanitário".
O presidente da ABPA, Ricardo Santin, parabenizou o governo e os demais serviços oficiais pela agilidade no combate ao foco da doença e destacou a importância também da comunicação e da transparência no processo. "Esse é um sinal muito claro para o mundo de que não vamos abrir mão da nossa responsabilidade", disse. "Tínhamos um caso isolado, muito localizado, mas foi o suficiente para mostrar a capacidade do país de se organizar".
Com presença diária aproximada de 10 mil pessoas, o SIAVS 2024 contou com a participação de mais de 150 marcas brasileiras de empresas e cooperativas produtoras e exportadoras de aves, suínos, bovinos, ovos e peixes, 300 expositores e delegações de de cerca de 50 países e programação extensa de simpósios e painéis. Pela primeira vez o evento — que é considerado um dos maiores encontros do setor do mundo — teve também representantes dos segmentos de carne bovina e pescados.
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